Para avaliar os efeitos fisiológicos causados pelo acessório durante a prática esportiva, o médico cardiologista Francisco Braga (diretor médico do Laboratório de Performance Humana) recrutou 12 voluntários. Eles pedalaram com máscara por um total de 12 minutos – seis com carga leve e, nos outros seis, com carga moderada.
O principal achado da experiência foi a queda na frequência respiratória. “Todo o mecanismo de adaptação que acontece é baseado nisso”, comenta o pesquisador. Ele explica que, como é preciso vencer a resistência provocada pela máscara para inspirar e expirar, é natural que o ciclo da respiração demore mais.
E, à medida que o exercício se torna mais intenso, há maior necessidade de colocar ar dentro do pulmão. Nesse momento, abrem-se dois caminhos possíveis: respirar de forma acelerada ou mais prolongada.
“Quem opta por respirar mais rápido acaba enfrentando maior dificuldade. Isso porque não dá tempo suficiente para ocorrer essa troca de ar. A máscara dificulta”, descreve. Daí a sensação de desconforto. Outra queixa que apareceu no decorrer da investigação foi a sensação de calor na região do rosto, já que a temperatura ali subiu cerca de 1° C.
Mas o médico frisa que o problema é somente esse: o desconforto. Embora o trabalho tenha indicado que ocorre um aumento na frequência cardíaca com a máscara, isso não representa nenhum perigo ao organismo.
Segundo Braga, ao vestir a máscara para correr ou pedalar, em vez de acelerar a respiração para puxar mais ar, o melhor é inspirar e expirar profundamente. Desse jeito, o desconforto acaba sendo muito menor.
Como minimizar o incômodo causado pela máscara
Além de inspirar e expirar mais devagar, outra coisa que facilita o uso da máscara é escolher uma versão mais adequada à prática de exercícios.
De acordo com Braga, aquelas feitas totalmente de algodão, por exemplo, devem ser evitadas. “Elas esquentam mais e levam a uma maior restrição ventilatória”, resume. Outra opção que não vale a pena é a hospitalar, conhecida como N95. “Todos os desconfortos são potencializados com ela”, avisa.
O médico conta que as máscaras mais confortáveis para a hora de malha possuem duas camadas de tecido hidrofóbico, que umidificam menos. “E há um filtro no meio”, esclarece. “Ele pode ser retirado e lavado separadamente”, completa.
O ponto chave é ter em mente que se habituar à máscara para se exercitar é uma questão de treino. À medida que o tempo passa, isso se torna um hábito. Até lá, é preciso insistir.
E mesmo que você corra ou pedale, atividades que naturalmente te deixam mais distante de outras pessoas, não dá para abdicar do acessório. “Vai que você encontra alguém e faz uma pausa para conversar”, especula Braga. Sem falar que, até chegar na rua ou ao parque, muitas vezes há interação com o porteiro, o vizinho.
“As pessoas que têm a vantagem de não fazer parte do grupo de risco, como os jovens, precisam proteger os mais vulneráveis”, resume o médico. Mais do que uma opção, a máscara é um símbolo de empatia.
Fonte: Veja Saúde
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